Discurso do Ministro Saulo Ramos

Lido, pelo jornalista LUIZ SCHIAVONE ,  na sessão de encerramento da 2a. Semana Cultural Saulo Ramos, no dia 8 de junho de 2009.

 

Minha terra, minha querida terra, volta a promover uma semana cultural em minha homenagem e, entre as muitas iniciativas que contemplam as artes e o saber, destacaram-se os debates jurídicos.

Creio ser desnecessária minha afirmação, já tantas vezes repetidas, a emoção que me inunda os sentimentos e a alma porque parte da cidade que tanto amei na infância e amo nas saudades dos anos avançados. 

Fico radiantemente feliz não somente pelo carinho dos meus conterrâneos, mas pela forma com que organizaram essa manifestação de apreço: o prestígio da cultura e das artes, o chamamento das novas gerações para a importância da educação, o caminho seguro que salvará nosso país das sombras que rondam sua atualidade.

            Gostaria que o Brasil contasse com milhares de cidades iguais a Brodowski.  Bastaria esta dádiva para fazer desaparecer tantos pesadelos que agitam as almas dos brasileiros.

Lamentavelmente nosso querido país está passando por uma fase de violenta degradação moral. Fase, apenas fase, lamentável, mas não desanimadora. A violência nas cidades, já derramada para nossas antigas vidas rurais e bucólicas, que não mais existem. Bandidos, mortes, assassinatos, assaltos, crimes contra crianças, violação de suas almas e de suas inocências.

Quais as causas?

A miséria? O desemprego? A fome? As antigas causas sociológicas da criminalidade persistem, mas não são mais as únicas. Nos meus longos estudos de criminologia verifiquei que as pessoas pobres, desesperadamente necessitadas, não se deixam levar pela tentação do crime. No Brasil, os pobres são honestos, com raríssimas exceções. São naturalmente e visceralmente honestos.

Somaram-se, portanto, outras razões na motivação da violência: a decadência dos padrões éticos e dos costumes políticos. O péssimo exemplo de nossos governantes estimula as gerações de jovens na busca do enriquecimento fácil. Negociatas nos parlamentos, apoio aos governantes em troca de dinheiro ou de cargos, venda de votos no Congresso Nacional, onde quase todos os dias explode um escândalo. A permanente reeleição de políticos corruptos. Esse vírus se espalha e na sociedade sofre mutações para o tráfico de drogas, organização de quadrilhas, lavagem de dinheiro, negociatas de todos os gêneros e espécies. E caímos no lugar comum: o exemplo veio de cima.

Essa lamentável circunstância contamina tudo e quase todos. O processo legislativo é usado no comércio de vantagens. Até reformas constitucionais, a mais veneranda forma da legislação institucional, banalizou-se para atender questiúnculas como o constante adiamento das dívidas públicas dos precatórios, ou para criar permissivos contra a conservação da Amazônia em escandalosos favores a grileiros.

Insisto: é uma fase. E ela será superada com a educação, instrução e cultura das novas gerações, de onde sairão lideranças fortes e moralmente limpas. Não, não precisamos nos arrepender de ser honestos.

Basta termos mais cidades como Brodowski, mais cultura como Brodowski, mais homens públicos e idealistas como os políticos brodowskianos, mais gente de fibra e de caráter como os brodowskianos.

Confio nesta verdade, que não é mero discurso ou recurso de oratória, porque ela está presente dentro da alma de cada  homem ou mulher que vive nesta cidade, ou de cada criatura ou criança que teve a ventura de nascer aqui. É a verdade inabalável que eu conheço bem: o amor e os propósitos de uma família unida para a sólida construção do futuro através do trabalho, da cultura, da educação e do amor ao bem.

Rui Barbosa disse que a Nação é a família amplificada. Ouso invocar aquele genial baiano para assegurar que o Brasil tem solução. Basta seguir o exemplo de Brodowski.

 

SAULO RAMOS – Junho 2.009